O nome é A última Dama do Fogo e, pelo trecho disponibilizado no site, a história parece ser IN-CRÍ-VEL! O autor desse romance é Marcelo Paschoalin (Twitter / Site), que também assina RPGs como Anel Elemental: o Legado", "1887: Sob o sol do Novo México", "Anel Elemental: a Nova Era", "Aventura e Magia" e "Dark Fate".
A sinopse, escrita pelo próprio autor, é essa:
A última Dama do Fogo é um romance de fantasia que se passa num mundo pseudo-medieval onde a magia tem um papel misterioso mas importante. E é nesse mundo que encontramos Deora, uma náufraga, prestes a iniciar uma jornada que a levará por um caminho de autodescoberta. Essa jornada, que carrega um valor simbólico que será único para cada leitor, forja-la-á por meio da chama, fazendo com que ela renasça para uma nova realidade, uma na qual o conhecimento místico a permitirá dominar a essência da magia flamígera.
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Prelúdio
—Mantenham o curso!
Os brados do capitão mal podiam ser ouvidos, pois a fúria da tempestade, orquestrando uma melodia de ventos, relâmpagos e granizo, não cessava. Todos a bordo sabiam que o galeão havia se transformado em um brinquedo nas mãos de um displicente infante, mas nenhum membro da tripulação ousava sequer pensar em se entregar à força das ondas. A tempestade não duraria muito, pensavam eles, pois já lutavam há mais de uma hora contra sua fúria. Mas pela mente do contra-mestre as lembranças de um porto seguro se dissipavam cada vez mais.
Sob o convés, na cabine reservada aos passageiros, duas pessoas se abraçavam, sem saber o que o destino havia lhes reservado. O mais velho, com cabelos brancos como o granizo que batia contra o navio e olhos azuis como o mar revolto, estava trajando uma túnica púrpura, com um capuz cobrindo sua cabeça. E, apesar do som dos trovões, tentava acalmar a jovem a ele abraçada:
—Sabe que esta é minha última jornada e que não nutro esperanças por um bom final. Mas sei o que a aguarda. Tenho certeza de que honrará a oportunidade que o destino lhe dá para que sua vida seja plena em virtude.
As lágrimas da jovem, que não aparentava possuir mais do que vinte e tantos anos, corriam profusamente por sua face, manchando o vestido escarlate que estava usando. Seus cabelos castanhos estavam revoltos, sinal de que acordara às pressas quando a tempestade se anunciou, e sua pele alva e macia era apenas um arauto de sua beleza singular, que poderia ser resumida na pureza de seus olhos de esmeralda. Em meio aos soluços de seu pranto, ela disse:
—Eu não desejo isso, Zagar! Meu lugar é entre vocês! Não pode o destino ser tão cruel a ponto de me separar daquele que cuidou de mim e tudo me ensinou…
Zagar a abraçou mais carinhosamente, com os afagos de um pai para com sua filha, e sorriu. Suas palavras brotaram como sussurros nos ouvidos da jovem:
—Sim… mas isso se deve a seu pai, que me fez aceitar o papel de ser seu tutor quando sua mãe voltou aos braços do Eterno. Quisera eu ter sido abençoado com uma esposa… e filhos… Mas você é a filha que todo pai desejaria possuir.
Os soluços cessaram, mas o pranto continuava, e a jovem se agarrava cada vez mais à túnica de Zagar.
—Mas o que farei quando chegar a Vlyn, se eu conseguir vencer a tempestade? E se a maldição da morte sempre viva ainda persistir?
—Não, não há nada que possa fazê-la temer. Uma nova magia está nascendo na ilha de Vlyn, e de lá você poderá seguir para o Grande Continente se assim os deuses desejarem. Você sabe que pode usar essa magia! Aprenda, e utilize bem seus conhecimentos.
—Mas…
—E quando chegar o momento, talvez seus atos tenham sido os precursores daqueles que irão trazer a Era Dourada novamente.
A jovem secou suas lágrimas, mas antes que pudesse dizer algo, o balanço do navio a lançou ao chão, juntamente com Zagar. Levantando-se com dificuldade, e vendo que a água começava a passar por baixo da porta de sua cabine, ambos temeram pelo pior.
De súbito, a porta foi escancarada, mas não por uma massa d’água, e sim pelo capitão do navio, totalmente encharcado, que puxou pelas mãos a jovem enquanto impelia Zagar acima:
—Não há muito tempo. O casco foi comprometido quando nos chocamos com algo… Parece ter sido algum recife, mas não importa agora. Tenho um escaler já preparado para vós, e é imperativo que subais neste momento.
A jovem olhou com desespero para Zagar:
—Mas meus pertences, minhas…
—Não há tempo – bradou o capitão. Precisamos subir agora.
E novamente foram lançados ao chão pela força das ondas. Desvencilhando-se do capitão, a jovem conseguiu alcançar uma gaveta, de onde rapidamente retirou uma gargantilha de esmeraldas e a colocou no pescoço. Pondo-se em pé novamente, o capitão falou com zombaria:
—Meus homens estão lutando por suas vidas e tu apenas te preocupas com riquezas…
Mas Zagar o interrompeu, colocando o indicador direito diante dos olhos do capitão, numa postura que demonstrava confiança e respeito:
—Jamais repitas isso, capitão, ou serão tuas últimas palavras. Não posso impedi-la de levar consigo o único elo físico que Deora tem com sua mãe. Mostra o caminho.
A jovem Deora então segurou nas mãos de Zagar e, em meio aos trancos e balanços do galeão, conseguiram atingir o convés, onde a situação se mostrava infinitamente pior do que se podia imaginar. Os marinheiros tentavam a todo o custo reparar a vela do mastro principal, que aparentava não poder suportar por muito mais tempo o vigor dos ventos. Quando atingiram o estibordo, Deora, Zagar e o capitão encontraram o contra-mestre ao lado do escaler, com as amarras seguras em suas mãos.
—Nau pronta, capitão – disse ele sem muita reverência, pois a situação não permitia.
O capitão conferiu se as provisões estavam na pequena embarcação e, ao ter-se certificado disso, pediu que embarcassem, estendendo a mão para Deora, que prontamente se colocou no centro do escaler. Zagar, no entanto, não se moveu.
—Meu senhor, eu não posso permitir que fiques conosco – disse o capitão. O galeão não é mais seguro.
E, como se a tempestade respeitasse a voz de Zagar, ele disse, segurando nas mãos de Deora:
—Há sete anos, capitão, foi em teu navio que deixamos o Grande Continente, sendo um dos primeiros a seguir o caminho do Êxodo. Sabes muito bem que a magia é o que dá força ao nosso povo, e sabes também que não podíamos lá permanecer. Mas enorme foi tua bondade ao permitir que Deora conosco embarcasse, mesmo nela não fluindo o sangue de nossas mães, e isso não pode ser esquecido. É por isso que, quando decidi retornar, sendo o primeiro a acreditar que o Êxodo teria um fim breve, escolhi a ti como capitão a nos guiar. Deora seguirá para Vlyn, com as bênçãos da amada deusa Andora, regente de toda a natureza, e irá buscar a nova magia que pode fazer com que um dia todos retornemos. Eu, no entanto, contigo permanecerei, pois não posso deixar-te sem que o remorso por ti e por teus homens me consuma pelo resto dos dias.
—Zagar, não!
Os gritos de Deora, em franco desespero, foram abafados por um trovão ensurdecedor, prenúncio de uma nova investida da tempestade. Com um aceno, Zagar deu permissão ao contra-mestre para que as amarras fossem soltas, e o escaler se afastou rapidamente do galeão. Os brados de Deora não mais puderam ser ouvidos, e logo as altas ondas impediram que Zagar fosse capaz de observar a jovem que esteve sob seus cuidados por tantos anos e que, agora, estava sozinha.
A pequena embarcação não havia sido concebida para sobreviver em meios tempestuosos, mas precisava ser, ao menos desta vez, capaz de atravessar o temporal e atingir águas mais calmas. Porém, a fúria das ondas parecia não ter fim, e Deora, finalmente deixando que sua razão falasse mais alto, amarrou-se ao escaler, para que, se fosse jogada ao mar, pudesse alcançá-lo sem muitos problemas. Com um remo nas mãos, ela em vão tentava manobrar a pequena embarcação, que havia se tornado uma marionete sob controle das ondas. Por ser noite, e devido à tempestade, somente os clarões dos relâmpagos podiam guiá-la, mas mesmo assim ela não cedia. Todavia suas forças estavam se esvaindo, e Deora percebeu o quão difícil era remar contra todas as correntezas de Andora.
Então, sem aviso, as ondas começaram a se acalmar, embora os ventos rugissem como nunca antes haviam feito. Deora suspirou, aliviada, e deixou que o escaler seguisse por uma leve corrente marinha por alguns instantes. Porém, quando os raios novamente iluminaram os céus, o pavor tomou conta da jovem, que, murmurando todas as preces que conhecia, largou o remo e se segurou ainda mais fortemente à pequena embarcação. A razão de seu pavor não era infundada, pois a calmaria das ondas era apenas o anúncio da formação da maior das ondas, tão alta quanto um dragão, tão extensa quanto as asas de um pássaro roca. E, com um rugido mais poderoso que todos os trovões juntos, a onda quebrou, tragando o escaler e Deora para as profundezas do mar.
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E ainda tem um booktrailer!
Vale a pena conferir, pessoal.
1 comentários:
Entrou pra minha lista de desejos *-*
Parabéns pelo blog, já estou seguindo.
Também tenho um que fala de livros:
http://andressaetc.blogspot.com/
Beijos.
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